sábado, 2 de janeiro de 2010

A papo dado não se olha ao dente


Na festa:
- Afinal és tu!? Sabes que ele ligou-me e disse que estava completamente apaixonado!? Muito bem! Sabes que não é fácil ele apaixonar…
– Ya, mas mesmo agora não é paixão! Eu desconfio dos homens – ela medita um momento -
– Ya, aí tens razão… ya, não deve estar apaixonado…

No estacionamento:
- Senhora, leva lá meu contacto. Pode ser para business ou para pessoal, tás a entender? Pode não ser business…

Na entrada do hotel:
- Senhora não pode parar aqui, pode vir carro.
– Sim, mas estou só à espera de uma pessoa.
– Ok, se vier carro avança.
– Ok.
– Ok, vem buscar marido?
– Nada, é colega.
– Aaahhh, mas colega de serviço ou colega, colega?
– Colega de colega.
– Ok… vou-te pedir uma coisa mas não sei se vais aceitar.
– O quê?
– Dá-me lá teu contacto.

No restaurante:
- Mas essa tua brada, ela anda com maningue manos, aquele Jonh, aquele cota! Ela anda com ele!
– Ei, nada, também não é assim, ele lhe paga universidade, namorado dela não tem taco, é para pagar como, afinal?

No salão:
- Alô, tudo bem?
– Tudo, e aí?
– Nos conhecemos daqui daquele dia, não é?
– Nada, eu nunca vim aqui.
– Ah, foi com a tua irmã.
– Não tenho irmã.
– Ok… sabes, Paula.
– Joana.
– Ya, Joana, eu confundo nomes. Eu… eu às vezes organizo umas festas e gostava de te convidar, dá-me lá teu contacto.

No mercado:
- Vamos lá dar uma volta.
– Mas, afinal porque não vais convidar a tua namorada?
– Ah, mas de que namorada estás a falar?
– Não sei, tens quantas?
– Aaahhh, estás a falar daquela Lígia do outro dia?
- … Quem é Lígia?

Na festa, com ele:
- Vejo que estás bem acompanhado, muito bem? Vocês voltaram?
– Não, não, mas somos amigos, percebes? Ela também precisa de sair, convidou-me, saímos. Mas voltar? Não isso nunca, nós não funcionamos, sabes? É complicado. E tu quando sais comigo?

Na festa, com ela:
- Alô! Tudo bem?
– Sim, tudo BEM, já viste que estou com ele?
– Sim… já vi… - Cada vez que me lembro daqueles problemas que tivemos... até te contei não foi?
– Sim, eu lembro-me.
– Mas agora estamos bem, sabes? Estamos muito bem, acho que encontrámos um certo equilíbrio.
– Sim… parece-me equilibrado…

No café, ela aproxima-se da mesa:
- Posso pedir-te uma coisa? Eu estou a trabalhar aqui, meu horário é aquele das 16, o lugar é público, não posso te impedir mas peço que não apareças no meu turno porque eu não consigo olhar para a tua cara.
– Mas…
- Não é para dizeres nada, tu sabias q ele era meu namorado e saíste com ele!
– Mas ele é meu amigo, porque não havia de sair?
– Porquê? Tu ainda perguntas? Ele, tu lhe deste papo!!! Agora deixou-me.
– Mas…
- Não quero falar contigo, não venhas aqui!

Aproxima-se da mesa II:
- Eu não te disse para não vires aqui essa hora?
– Mas, eu não te fiz nenhum mal, estou a te incomodar? Estou aqui no meu canto…
– Não venhas, eu não consigo olhar para a tua cara!
– Mas então porque é que vens falar comigo!!!???

Conversa da mesa ao lado:
- Anda, eu já estou aqui! Sim, eu e maningue pitas, duas bonitas! Sim, tem namorado, mas se estão aqui? Queres falar? Assim mesmo no celular? Ya, fala lá! – Gramaste? Tás a vir, né? Ok. Te esperamos.

Ele vem bater ao vidro do carro:
- Posso falar contigo? Acreditas em amor à primeira vista? Acabou de acontecer, guarda lá meu contacto, faz bip para mim, hás-de acreditar!