sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Verão é tesão


É verão. Ela está sentada debaixo da acácia. Transpira. O verão de África destila-nos o corpo, pelas pernas abaixo escorre um fio claro de suor.
Passa um homem. Bonito. Os nossos olhares seguem-no…
- Ysh!... homem bonito Moçambique tem! He He Heiiiiii…yaaa…! – suspira um sorriso.
O chão está coberto de flores vermelhas que despem a acácia. Tenho um sentimento profundamente… feminino, aqui. Apanho uma flor e comento-lhe a forma, ela sorri:
- Essas flores sujam tudo pah!
Hoje não estiveram juntos e a ela dói-lhe a cabeça. Não lhe apetece mas fala:
- Sim, nesse dia regressei para casa ainda quente, ainda transpirada do sexo, ainda emocionada pela… velocidade… não, pela intensidade! Assim é que é! Sei que fui com ele por tesão e sei que não foi porque tivesse falta de um homem, de um homem qualquer quero dizer.
É sempre assim nos primeiros momentos, o meu corpo deseja algo que a minha mente consciente questiona, por vezes reprova mesmo. Fico assim um tempo, a saborear apenas a tensão dos opostos… e uma desejada… penetração. É assim que se diz, né? Ya, maningue… mas não soa bem, não soa ao que sabe essa cena! – ri-se.
E nestas primeiras conversas, invariavelmente… nos homens alguns tempos parecem-me… ridículos, algumas expressões do rosto são… esgares que desfiguram mesmo as feições mais bonitas… e algumas palavras ou frases… são risíveis!
Ahahahahahah … Mas desejo algo aí… tesão está no desequilíbrio… nesse agir meio fabricado dos primeiros momentos da atracção. Sim, são bem visíveis os artifícios da sedução masculina, as palavras forçadas, os elogios exagerados, os desenhos desastrados das pequenas armadilhas. Os enganos, as mentiras mesmo! Tudo se percebe aqui mesmo, nos primeiros momentos de um papo.
A confiança exagerada dos homens mais velhos, paternais e professorais; o caminhar ridiculamente gingão de um corpo gordo, ou pouco atlético; a pressa naïf dos mais jovens...
Sim, não sei bem o que me fez ir para a cama com ele assim… no primeiro encontro, depois de um almoço numa tarde em que chovinhava.
Bebemos vinho, e entre os goles ele desenhou sua teia, metade eu neeeeeeem ouvi! Na verdade eu não queria falar. E enquanto ele achava que partia os gelos eu observava como no cruzar dos braços os ombros dele ficam… pequenos para um corpo tão… corpo. Achei-o bonito? Não sei… logo que cheguei não! Acho que não...
Mas quase intui o que nele me iria apaixonar… o sorriso aberto e safado… sim, yaaaaaa, é bonito! Também a-do-ro os braços dele! Não gostas desses braços assim que enchem a mão? Ysh! ya, eu gosto maningue! Corpo pah? Tem!
Às vezes acho que eu me divirto apenas com isto: conhecer homens é conhecer o Homem e as suas fascinantes manias!
Sim, observo-lhes a postura nas primeiras vezes, mesmo na cama, dou por mim a ver as tensões no pescoço, a firmeza dos peitorais, a forma do pé que se mostra no enrolar orgásmico dos dedos dos pés. A maioria dos homens dobra os dedos dos pés quanto se vem, sabias? Sim, eu vejo isso… muito.
No tema ele foi directo e tenho de dizer que foi eficaz eu... ei, eu não resisto! É para fazer o quê? Gingar? Não vivo no tempo das donzelas nem acredito nos machismos, não me importa o que dizem ou que pensam os outros e sem problemas assumo as minhas escolhas. No que faço eu sou mais EU!
Sim, seduz a tesão que encontramos nos outros. Um olhar focado no meu corpo molha-me… e nesse dia mesmo conheci mais um desses hotéis que alugam quartos há hora!! Ahahahah, a vida é simples mana… people é que com-pli-ca.
Sim, é um começo questionável, condenável mesmo diria a minha mãe, mas começou assim…

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