sábado, 11 de junho de 2011

Mestre índia III


Os mosquitos são tão grandes que eu os consigo sentir a poisar na minha pele, pata a pata.
Mestre não foi sempre mestre:
- Eu quando estudava em kalamandalam – a mais importante escola de kathakali de kerala - praticávamos footsteeps das 4 as 6 da manha, nós antes de levantar rezávamos para que falhasse a luz!!
Mas aqui não sei, não sei quando vivo de facto uma paisagem de sonho ou quando perco a consciência nos rituais sagrados.
- Estou a limpar, as casas aqui são sujas!
- Mas, se varres muito acho que o país desaparece…
Índia é feita de pó. Do desumano, não físico pó.
O pó que cobre as pessoas, o pó que assinala na testa o terceiro olho, em cinzas, em pigmentos coloridos.
Índia é espiritualidade, e não importa se ela molda todos os hábitos dos homens, impossível que o faça, mas ela está presente todos os dias, na vida deste povo. Ela acontece na prece matinal ao altar de Shiva, de Vishnu, de Ganesh.
Nós acreditamos.
E acho que aqui o “não sei” vai juntos com “acredito” aqui, nesta parte do mundo mais do que em qualquer outra.
“Se varres muito o país desaparece.”
O lixo amontoa-se na beira da estrada.
- Sim, mas tu estás habituada!
- Não, nós nunca nos habituamos ao lixo.
Na casa a porta está aberta, uma criança brinca com um pedaço enorme de jaca.
Um sari voa da janela, a mulher corre e sorri para mim, o brinco no nariz parece que brilha mais.
Junto ao cabelo, na zona da testa onde os cabelos se separam, acima do 3º olho uma marca de pigmento vermelho, é casada a mulher.
Aqui, no sul da índia, é assim.
Comemos a refeição na folha de bananeira e inevitavelmente o olhar pára nos canais de água verde, de plantas flutuantes.
Chove, a luz doirada do anoitecer embeleza os campos de Kerala.
- Chaia? (chá)
Porque o espírito respira mais aqui, ocupa-se mais de tempos e rituais de mãos, de mudras, de pigmentos sagrados, de águas purificadas, de fogos purificadores.
Aqui oferecemos aos deuses arroz doce, que partilhamos com os pobres, que despejamos no chão para que os corvos e os cães também deles se saciem.
Índia é mistério na sua rigidez e codificação. É marcado hinduísmo na fronte das mulheres e dos homens, em marcas de cores, branco, negro, vermelho. No passo atrapalhado de saris e saias. Nos cabelos oleados de côco…
Aqui o caril pica, sim, o chá queima, o açúcar enjoa.
Aqui o calor e a humidade marcam na pele seu cheiro inconfundível.
Aqui todos seguimos um guru, a mãe índia orienta o caminho e todos somos espirituais.
Índia são quatro castas, quatro estádios da vida, quatro deveres do Homem.
E para mim tudo na índia obedece a quatro momentos, primeiro questiono, depois deslumbro-me, depois desconfio, e finalmente… aceito.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Mestre índia II


Não é um choque para quem vive em África mas os meus dias começam cedo. No caminho para o kalari – esta palavra significa na sua origem “campo de batalha”, mas aqui é usada para designar a escola, o espaço onde aprendo - passo pelo templo a Ganesh:
- When you see a temple, you worship!
Eu assim faço. Entro no templo devagar, uma mulher que faz grinaldas de flores aproxima-se de mim:
- Where from?
- Moçambique. I mean… Portugal. - eu nunca sei bem de onde sou.
- Aaaaaaaah! Namaskaram!
Namaskaram é a saudação aqui, na língua Malayalam.
Aproximo-me do altar com a imagem do deus com cabeça de elefante, filho de Shiva e Parvati, o “abridor de portas”, o “destruidor de obstáculos”. Olho para as cores e os adornos, são belíssimas as estátuas dos deuses hindus.
- When you see a temple you worship!
I do. Sentado num palco um homem entoa mantras e queima madeira. Eu fico um pouco a observar, fecho os olhos. Chamam a este lugar “God’s own country”. Eu sinto nas narinas o cheiro doce do incenso. As mulheres à minha frente olham-me e murmuram alguma coisa que não entendo, canto apressadamente o mantra de Ganesh, “Om gum ganapatahye namaha”, preparo-me para sair, a mulher chama-me:
- Madama! Ba! (vem)
Chamam “madama” às estrangeiras, como eu! Ela aproxima-se de mim, molha o dedo numa pasta de pigmento vermelho e desenha uma pinta na minha testa, no espaço entre as minhas sobrancelhas. Sorri.
- Nani. – eu não sei bem o que fazer, mas agradeço.
Continuo o meu caminho para o kalari, atravesso a estrada impossível, os auto-ricksahaws (versão indiana do nosso txopela) são como animais cegos e assustados, qualquer que seja o obstáculo na estrada, seja automóvel, pedra ou peão, nada os faz alterar a velocidade ou mudar de direcção, avançam em linhas tangentes a tudo, e só param mesmo antes do embate.
Caminho lentamente, observando nas pessoas nos seus gestos ritualizados.
Índia é isso, código, em tudo o que acontece.
Hoje é a minha primeira aula. Subo as escadas para a casa do mestre de Kathakali – sim, a escola não é nada mais que uma varanda empoeirada onde o mestre se senta orgulhosamente numa cadeira de plástico.
- Where is your guru dhakshina?
Não faço ideia do que o mestre está a falar, olho à volta a tentar ter algum sinal, analiso cuidadosamente a expressão dele à procura de uma pista, nada. Num canto do kalari há um pequeno altar a Shiva, o deus destruidor, em frente ao altar está uma folha verde com uma espécie de fruto por cima:
- Yes, in your first day of learning you give gift to master. What is your gift?
Eu não faço ideia do que se trata, e dentro de mim apenas penso “vim aqui para aprender, não para ser testada”. A aula começa em 30 minutos, eu vou caminhar ali mesmo, na rua da casa do mestre.
As ruas são estreitas e esverdeadas pelas folhas de bananeira, as casas são bonitas e coloridas, as mulheres caminham de olhos baixos, cobertas de panos brilhantes, que esvoaçam. Os homens olham, as crianças gritam “madama, madama!”
Volto para trás, um menino caminha à minha frente com uma folha verde na mão, apanha do chão uma noz, olha para mim, não sorri. O arranjo que tem na mão é igual ao que vi no altar a Shiva no kalari, apanho do chão uma folha e uma flor, junto-lhe um fruto espinhoso e sigo para a aula.
- Master, here it is… my guru dhakshina?
Ele não sorri, está de pé no meio da varanda empoeirada vestido apenas com um pano que lhe faz de saia, apetece-me rir mas ele tem um ar solene. O miúdo que vi na rua avança à minha frente, de cabeça baixa oferece ao mestre o seu presente, o mestre recebe, o menino toca-lhe os pés, depois leva as mãos ao peito. O mestre está de olhos fechados e toca-lhe a cabeça, deposita cuidadosamente a oferta em frente a Shiva, o deus. Eu avanço meio a medo, repito o ritual… sim, aqui a aprendizagem é feita assim, de testes.
Eu passei o primeiro.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mestre índia


- Tomaste banho? Dormiste a que horas? O que comeste ao jantar? Usaste muito o laptop?
O mestre decide o que acontece, o que eu como, quando como, o que visto, quando visto. O mestre decide como penteio o meu cabelo – apanhado; como são as minhas roupas – largas e longas; como caminho na rua – de sombrinha, olhos no chão e sempre acompanhada… na índia o mestre decide.
Vamos às compras, porque obviamente que a roupa que trago “is not allowed” nas ruas de Kerala, o mestre discute com o vendedor de tecidos o cumprimento da minha túnica, já para não falar das calças enormes que eu vestirei com ela.
Eu tenho de novo 13 anos! É o que sinto aqui.
Eu viajo para aprender, para experimentar, para sair das minhas rotinas, dos meus hábitos, dos vícios do “eu”, pelo menos durante algum tempo.
Por isso eu, embora não entenda as razões, aceito.
É bom exercício para o ego aceitar. Apenas, assim mesmo, sem engelhar a testa ou levantar a voz, apenas aceitar.
Estou na índia a aprender, vim para estudar uma forma de arte muito antiga, das mais antigas do mundo. Estudo Kathakali, uma dança que conta as estórias dos livros sagrados da índia. Uma forma de teatro onde o actor mostra por gestos, por expressões faciais, por intrincados movimentos rítmicos de pés e com a ajuda de complexos figurinos e magnífica maquilhagem, as estórias das invejas dos homens e das protecções dos deuses. Esta forma de arte é originária de Kerala, estado na costa ocidental do Sul da índia.
Esta costa olha um mar, o mar que encontra Moçambique. E, na minha primeira ida à praia eu tenho vontade de chorar.
- Joana, you do not take swim! Not with that dress!!! – eu não vou explicar ao mestre que não tinha intenção de tomar banho com o meu vestido de algodão bordado de brilhantes, não, porque para mim, lá de onde venho, o banho de mar é coisa especial, sagrada e despida de tudo o que o homem inventou. Mas vim aqui para aprender, para experimentar não ser eu, aceito.
De pés mergulhados na água morna do indico, de calças XXL pesadas pela água, eu fecho os olhos e sinto Moçambique, láaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, na outra margem.
- Are you praying? – eu não sou religiosa, mas sim, talvez o mestre tenha razão, é quase isso o que me faz pôr as mãos no coração, fechar os olhos e sentir Moçambique.
- I like that. Tourists do not do that. There are many tourists here, but I think you are not one.
- Me? No...
- Promise?
Não ser turista é caminhar no conforto desse outro povo que visitamos, mesmo que seja o nosso desconforto.
Aqui é sentar no chão, invariavelmente sujo, e comer, com a mão, ainda desajeitada. É beber água quente e amarela (jeera gum) quando nos apetece água mineral com gelo. É mudar no corpo as vestes, vestir punjab exagerado ou saree complicado, quando nos apetecia um bikini. É na boca mudar os gostos, incendiar no estômago os apetites. É talvez mesmo mudar os desejos da mente. Sim, isso principalmente.
E eu? Prometo que vou conseguir?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Made in india


Sim, estou na índia. Escrevo tantas vezes sobre o quanto é bom esta saída. E não falo deste destino em particular falo da saída da zona de conforto.
Sim, há o medo, claro, o desconforto inquietante da insegurança constante. Mas claro que é ilusório. Não este desconforto com sabor a nómada, mas o conforto que o sedentarismo nos dá, esse é que na verdade não existe.
E por isso eu gosto de viajar, de mudar de lugar, de agitar nos passos as certezas do sofá, da televisão, da água quente na torneira, do matabixo habitual na mesa.
Estava há uns anos em Portugal e numa daquelas viagens de itinerância de espectáculos em que toda a companhia dorme em hotel, na primeira noite queixava-se um dos actores “é pá esta noite foi difícil, estranhei a cama, eu não consigo dormir sem a minha almofada”, e a mim dava-me vontade de rir.
O homem é feito de hábitos, sim, mas o mundo muda todos os dias, nós mudamos, os nossos sentimentos não são estáveis, as emoções oscilam e as relações alteram-se. Assim mesmo, todos os dias. Eu não sou a mesma pessoa a quem disseste “gosto muito de ti e das tuas loucuras”, claro que não sou.
E podemos dizer que não temos medo, assim mesmo, não temo viajar, entrar no inseguro avião, enfrentar os desconhecidos perigos das cidades misteriosas para mim.
Eu viajo sim, no caminho que ainda não pisei e me faz tremer os passos.
Como no primeiro encontro com um homem com quem sonhei noites, em expectativa, eu tremo.
Antes de ir não sei bem o que vestir, troco três vezes de saia e penteio os cabelos como se os tentasse domar. E quando chego não sei se olhe nos olhos, não sei se aperte a mão ou lhe beije ao de leve a face.
Chego à índia, primeiras horas no destino que desconheço, são preciosos os primeiros contactos.
Não é obra do destino não, mas no avião encontro um ex-amor e logo ali se lavam os desentendimentos, se cavam as distâncias das culpas. Para quê? É inútil quando no fundo ali só vivem as dúvidas, aquelas que ainda não estamos prontos para responder.
Viajo para aprender. E é agora o momento de viajar. Agora que o meu dia-a-dia me confirma as escolhas: os vizinhos aceitam já a minha maneira abusada de parquear o carro; no caminho para o trabalho já não vejo as acácias vermelhas; na esquina onde bebo com as amigas já nos servem “o habitual” sem perguntar… é quando nos sentimos assim, em casa, que é momento de viajar, de sair, de arriscar.
Eu saio. Saio com o amortecimento macio dos amigos que se despedem, dos alunos que choram, dos colegas que nos sentem a falta
Carrego apenas um saco com pouco mais de 10 quilos de… “coisas”. Para viajar um ano carga tão leve parece prova de desprendimento, mas viajo de coração cheio. E agora sei que com um coração cheio we do not travel light.
Diziam os amigos:
- Vais ter com os monhés?!
- Vais voltar a cheirar a caril pah!
- Vê lá keep in touch não fiques matreca!
- Fazes parte das minhas “amigas om”, que se dedicam a essas coisas das meditações, vê lá se não malucas pah!
- Eu não percebo esse teu deslumbre por um povo que divide os seus em castas!
- Não ofereças os cabelos a Shiva e voltes careca pah!
Digo muitas vezes que Moçambique é minha casa, que em lugar nenhum até agora me senti tão confortável... Entro na índia com a memória forte desse calor, e, embora o plano seja estudar no Sul do país com um mestre indiano eu apanho um avião para Norte e vou encontrar com… moçambicanos.
É para mim deliciosa a visão de um hotel cheio de africanos, aqui, na capital da Índia. Amortecem-me mais uma vez a queda, os caminhos misteriosos dos afectos.
Sim, eu sou dada a estas coisas: espíritos, energias, sinais e xikwembo. É da minha natureza olhar sorridente estes encontros do corpo físico pelas energias etéreas do mundo.
Escrevo. Sim, escrevo sem pensar em ti talvez, acreditando apenas que isto que me toca cá dentro te pode também tocar… aí dentro, na zona do te corpo que mais responde a maia, a energia subtil do universo.
Mas nos primeiros momentos em lugar novo é apenas assim, vemos as coisas acontecerem e não as entendemos. E são estas as armadilhas dos aviões, em menos de 10 horas eu mudo completamente de clima, de língua, de contexto cultural… tropeço no tempo e no espaço, e pelo menos para mim, é… tão brusco. Este momento aqui, o das primeiras horas num destino novo, é tempo apenas de leitura e de adaptação. O corpo não físico ocupa-se bem assim, mas o corpo físico não pode ficar suspenso esse tem de agir, né? Tem de existir.
E o meu existe.
Depois do jantar beijamo-nos no elevador do hotel.
Acordo às 3 da manhã deitada numa posição impossível na cama branca, por uns momentos não sei onde estou. Sinto-me sem dúvida em Moçambique. Acho que bebi demais…
As despedidas são isso mesmo, não acontecem quando eu decido.
Diziam os amigos:
- Yuh! Vais para a índia??!! Nada, paaaah tu já não voltas!
Mas, eu? Na verdade acho que ainda não daí saí!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Girls talk “not alowed”


Em Moçambique:
- Ex-namorado é como vestido velho, quando olhamos nos questionamos: como é que eu fui capaz de um dia sair à rua com isto?
Na índia:
- Joana, posso perguntar-te uma coisa?
- Sim.
- Tu… já alguma vez beijaste alguém?
- Eu? C’mon! Claro que… quer dizer… hummm… sim. Porquê?
- Eu nunca beijei ninguém. Eu acho que é errado.
- Porquê?
- As pessoas dizem que é errado.
- E o que é que tu sentes?
- É errado. Eu acho que é.
- Ok…
Na marginal de Maputo:
- Sim, homem é como montra, roupa nova, acessório… tem coisas que nunca nos ficaram bem, nunca nos serviram, forçámos as mangas, os tivemos de subir tanto as bainhas…. Mais valia compra outro modelo!
- Mas nós às vezes insistimos!
- Somos burras mesmo! Ysh! Amiga, já viste? Hoje não há nada de interessante.
- Yap, está num daqueles dias que nem dá pena não ter taco!
- Mas amiga, sabes que nas compras, às vezes tem de se dar um desconto. Olha aquele damo ali de jeans!
- Desconto? Querida eu desde há um tempo que estou em liquidação total mesmo! Pede lá contacto!
Ao fim do dia à beira do rio em Alephey:
- Na tua terra é permitido uma rapariga caminhar com um rapaz a esta hora?
- Claro! Não tem problema!
- Com um amigo?
- Com um amigo, um namorado, o que quiseres!
- Mesmo uma mulher que não seja casada?
- Claro! Aqui não?
- NÃO! it is not allowed!
Sim, estou de viagem, levo xikwembo a outras latitudes, para me perder noutro continente. Como se diz em Moçambique vou com dos “v”, vou e volto.
Vou para viver outra vida, com outras referências, diferentes práticas, novos cheiros e definitivamente outros papos… acabo de chegar, ainda a experiencia pinga a gota gota na escrita, ainda vivo e escrevo sem o tempo do pensar. Ainda, como acontece quando se viaja de avião, ainda tenho na mala o cheiro do baía de maputo, ainda não me entrou nos cabelos o jasmin indiano. E talvez por isso a mente viaja sempre em comparações, nas inevitáveis medidas do pensamento e do desejo do povo orgulhosamente “made in mozambique”:
- Sabem, uma prostituta disse-me uma vez “tens bom material mas não o usas!”
- Ah! Ah! Ah! A sério?
- Ya… mas eu acho que ela foi nice, porque podia só ter feito o que tinha a fazer e não comentar, mas ajudou-me, eu a partir daí comecei a pensar mais no que fazia…
- Hardware e software!
- Yap! Isso é bom tema!
- Sim todos falam das questões dos tamanhos! Claro que importa pah!
- Ya, importa!
- Claro!
- Importantíssimo!
- Ahahahahahah!
- Mas não pensem que basta ter tamanho! Aaaaaaaaaaaaaah! Sem técnica isso tudo não anima pah!
Na índia:
- Eu estou a pensar num amigo…
- Um amigo?
- Sim, especial…
- Um namorado?
- Não, isso “not allowed”!
- Ok… então? Conta.
- Este meu amigo quer amar-me…
- E tu?
- Eu amo os meus pais mais… não posso aceitar.
- Mas… são diferentes tipos de amor..
- Não aqui. Not allowed.
Sim… eu agora estou na índia, em Moçambique celebrou-se recentemente o dia da mulher moçambicana e eu aqui, sentada no chão da varanda a falar com Lakshmi sobre o amor… amor que a ela não é permitido sentir…
- Tu tens saudades de alguém?
- Eu? Sim…
- De um namorado?
- De um amigo… especial. Sabes o que é?
- Não sei.. acho que não sei… Mas na tua cultura é diferente…
- Sim.
Qual é que tu achas que é melhor?
- Eu… não sei. Eu respeito ambas e… entendo ambas.
- Ok…
- E tu?
- Eu acho que a tua cultura é errada, porque vocês têm um namorado, depois teem outro e isso não está certo!
Hummmm… sim, eu acho que já tenho saudades de Moçambique!

sábado, 19 de março de 2011

Girls talk 2


- Eu sou casada, mas eu adoro estar sozinha! Eu preciso do meu tempo, gosto de ler o meu livro, fazer as minhas coisas, sou casada há oito anos mas só é possível manter o que temos porque o meu marido viaja muito! Se ele não viajasse eu tenho a certeza que já estava divorciada!
- Ah! Ah! Ah!
- Tu estás a rir de quê? Eh pah, ELE não devia estar aqui!
- Sim, nesta conversa de mulheres um homem não tem lugar!
- Vai embora…
- Tapa os ouvidos!
- Não… eu não digo nada! Ai, se eu ouvisse o que oiço aqui há 10 anos…
- Vês, eu acho que é pena termos de sentir assim, eu descansar quando o meu marido viaja? Melhor estar sozinha!
- Sozinha? Eu preciso de um homem….
- Sim, eu também, mas para as coisas que se precisa sempre se arranja!
- Sim, concordo contigo!
- Sim, ela sempre fala desta teoria….
- Sim então somos duas, em concordo com ela!
- Concordas com a teoria da keca mágica?
- Como é isso?
- Então, nós damos uma keca e depois ele – estala os dedos – desaparece!
- Mas vocês, como têm coragem? Então acho que nós estamos igual ou pior que os homens!
- Mas porquê? No fundo somos iguais. Eles não apanham uma tusa? Nós também! Vamos fingir que não? Mas acho que somos mais inteligentes e separamos as coisas.
- Mas dá para separar?
- Mas claro que dá!
- Não, desculpem, broncos não! Para mim um homem tem de ter conteúdo!
- Tem? Mesmo? E não apanhas tusa por quem não tem conteúdo nenhum? Falo do plano físico apenas, ele também existe para nós!
- Mas depois… falam sobre quê?
- Mas estamos a falar de conversa? Ou de acção?
- Um bronco pode ser muito bom para acção…
- Sim… meninas há departamentos! Cada coisa é uma coisa, há pastas, cada pasta tem um ficheiro, usa-se, anexa-se! E pode ir-se lá buscar de novo determinado processo, sem problemas!
- Ai, se eu ouvisse o que oiço aqui há 10 anos…
- Tu, tapa os ouvidos!
- Eu não consigo com homens muito mais novos…
- Ah! E mais velhos? Nada! Homens a partir dos 50 malucam! Isto está provado! Eu não estou a brincar pah!
- Mas muito novos… eu não consigo. Um homem que me liga a convidar para sair? Uma pessoa com 28 anos? Pensa o quê? Eu só lhe disse “tens idade para ser meu filho”, ele respondeu com simplicidade “mas não sou”.
- Ah! Ah! Ah! Mas tem razão! Eu acho que devias avançar, que importa isso da idade?
- Talvez tenham razão, agora aqui a ouvir a nossa conversa… é preconceito meu. Idade não importa…
- Importa! Homens a partir dos 50 ficam loucos! Não há mais nada a dizer, está provado! Por isso eu a partir dos 40 nem pensar! Nada.
- Mas tu um dia vais ter 50 anos!
- E então? Eu não sou homem, e arranjo um mais novo!
- Sim, há muitos por aí.
- Há muitos homens sim, não há falta.
- Homens solteiros não há…
- Isso é outra questão…
- Sim, há não-casados…
- Não, é igual! Porque todos têm compromisso com alguém, namorada, pita, mulher, qualquer mulher na zona eles têm!
- Sim… bom, homens casados é outro departamento…e aí vamos ao tema casa dois… que é tema muito longo.
- Eu prefiro ser casa dois! E ter um homem interessante, que cuida de mim, que me dá o que eu necessito, que me preenche…
- E que tem outra relação…
- Sim! Mas eu sei dessa relação, e aceito, e estou com ele, saio com ele, vamos às festas juntos… Claro, não nos beijamos na boca em público! Mas temos uma relação.
- Ya… eu casa dois… complicado… fui tratada como casa dois uma vez e detestei!
- Mas o que é isso de ser tratada como casa dois?
- Eh pah, tu tens homens com quem tens relações íntimas, eles vêem-te na rua e não te cumprimentam??!!
- Ya, isso não é nice…
- Sim, há homens que fazem isso…
- Eu não vou lá beijá-lo, mas se tenho uma relação íntima com uma pessoa quero que ela me respeite, e isso não é respeito…
- Sim… não é…

quinta-feira, 10 de março de 2011

Girls talk

- Sabes que eu disse ao teu ex “hoje a tua ex-mulher vem jantar a minha casa, e sabes o que ele respondeu? Qual delas? O estúpido…”
- Sim, mas não te preocupes eu também tenho uma pergunta para te fazer, qual dos meus ex?
- Ah! Ah! Ah! Ah! Sim, tens razão! Sabes q ele veio aqui uma vez com uma dessas… uma dessas meninas. E sabem como eu sou, sempre falo dessas… meninas, então para mim ter na minha mesa uma dessas pessoas, assim uma das “próprias” foi…. Eu não sabia o que dizer! Bom, ela também não, as duas vezes que abriu a boca..
- Era melhor que a tivesse mantido fechada?
- Ah! Ah! Ah! Sim!
- Mas porque é que os homens andam com estas mulheres pah?!
- Eles não querem mulheres como nós, sofisticadas, com exigências, com personalidade, eles querem…
- Uma mulher de quatro? Mas então é só isso!?
- Sim, nós somos muito complicadas para eles, não aguentam!
- Eu tenho um que diz mesmo isso, que agora do que gosta é mesmo do quintal! De ir buscá-las lá às traseiras, nada mais.
- Ok, todo bem a pessoa pode gostar mas..
- Sabes, eu acho que se queremos manter os nossos homens às vezes temos de fazer esse jogo mesmo!
- O qual? De me baixar ao nível dele? Nada, nunca vai funcionar!
- O problema não és tu, são eles, mesmo que tu sejas tudo, sempre vão procurar coisas fora! Sempre!
- Sim, eu já fiz isso de ir fazer as coisas que o senhor gostava, e não falo de problemas de cama porque eu considero-me muito aberta nesse campo! Mas… eu aguentava coisas… era um tipo desses assim, sem critério!
- Sim, eu acho que o meu ex pode andar com quem quiser mas no fundo quando o vejo com essas fico a pensar o que é que estava a fazer comigo! Porque a coisa não liga…
- Sim, é humilhante para nós!
- É no mínimo estranho. O que é que ele fala com ela quando estão sozinhos? Não pensam nisso? Eu penso…. Ok, de quatro tudo bem, mas é só, depois não conversam mais nada?
- Mas sabes que eu isso até acho normal, tudo bem keka é keca, mas na verdade se eu ando com alguém para isso depois eu não vou trazer essa pessoa para me acompanhar a tua casa!
- Sim, não o levo às festas!
- Nem aos restaurantes!
- Sim, porque parece que têm orgulho de se exibir assim!
- É ridículo, mas homens não vêem!
- Mas como assim, tu tens mas não trazes a minha casa!? Então consideras que pode haver esse tipo de relação?
- Mas claro, as coisas não são só um lado, nem tudo é para casar!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Conto de lua cheia


Hoje está calor, muito calor.
Ela dirige o carro e ele senta-se ao lado, já é a cerveja preta que fala, e ela, apenas porque hoje bebeu água, não questiona, apenas escuta, seguindo os caminhos sem resistir, apenas a ver o que dá, onde vai, como é a maré.
- Vira à esquerda, ok, de novo aqui, aqui, estaciona láaaaaaaaaaaa, ao fundo. – fala com o guarda - Chefe, não tem maneira de descer aqui agora?
- Nada, aqui não tem.
- Tem, chefe é que não quer nos mostrar!
- Tem, mas,,. Vão cair ali, senhora vai cair.
- Esta? Chefe… - começa a falar em xangane e ela a partir daqui já não entende o que dizem, mas entende a linguagem corporal claro, entende os risos cúmplices, com certeza – falam dela.
Descem para a areia e ela olha apenas a lua, enorme, laranja, redonda, sobre água calma. À esquerda esta paisagem – o rastro de prata bem marcado na água - do lado direito relampeja sobre os prédios e as nuvens ameaçam o céu de tempestade africana – morna, precipitada, odorosa, intensa, desorganizadora.
Ela caminho para a água, está morna. Caminha e vai subindo a capulana, mais, e mais, e mais… A água está quente.
Sente algo a enrolar-se nas pernas e sai da água:
– Ei! É aqui que se lavam os espíritos, aqui não se toma banho, não sabes que essas energias dos espíritos ficam aqui? Lavam tudo nesta água! E depois? Quem limpa a própria água dessas lavagens?
Mas hoje a água chama e ela entra sem hesitar. Está quente… boa.
Caminham juntos, caminham até ao pontão. Um ponto fálico feito de pedras, que entra na água morna do indico. Um falo que é molhado e batido de ondas espumosas e brancas.
Avançam, os limos e musgos ameaçam escorregar os pés, ela descalça-se. A pedra está quente, as ondas molham como salivas.
Ele caminha ao seu lado. Chegam quase ao final do pontão, onde a água cobre sempre a pedra.
Ele aproxima-se mais:
- Sabes o que eu disse ao guarda?
- Hum?
- Que te ia comer aqui mesmo, dei-lhe 60 paus para nos deixar passar.
- Não disseste! Oh pah, tu… - ele cala-a com um beijo. Aproxima-se mais.
Amam-se. Não importa se alguém vê, não importa se aqui nesta cidade não se abraça na rua, se é atentado ao pudor ou falta de vergonha, se é ilegal ou imoral. Eles amam-se assim mesmo, dentro da natureza. O avançar do pontão dá uma vista… panorâmica, a sensação é de exposição e secretismo ao mesmo tempo.
Estão expostos, claro, os carros que passam na marginal abrandam, ou se calhar nem se vê nada…
A cidade está atrás deles, como uma câmara de eco, e ela gemo, geme de olhos no horizonte, recebendo as brisas das índias.
O toque sensual da brisa é misturado pela força telúrica da penetração por debaixo da capulana que ela usa como uma white usa o material local – por exotismo.
Ela não pensa em nada, a força da terra está aqui, a energia da água salgada que é purificação e vida, a pedra quente e a chuva que já perfuma o ar e ameaça cair. Ela sente-o por detrás, estão de pé – em equilíbrios e desequilíbrios na rapidinha aluada.
As energias que convergem aqui são muitas. Depois do amor ela acocora-se e deixa a água entrar. As ondas molham de novo as mais escorregadias zonas. A capulana molhada cola-se ao corpo e só agora ouvem as rezas. Na praia eles fazem o círculo, falam a deuses ou esconjuram demónios, não se percebe. Não sabem o que lhes chamam, aos que acreditam que os abençoam ou amaldiçoam. Não sabem a que energias falam, mas no fundo são todas a mesma…
Eles avançam sem medo, mas com receios. A fé organizada, dá azo a fundamentalismos… sabe-se lá o que pensam e o que vêem assim na claridade de uma noite de lua.
Ela apanha do chão os chinelos, avançam de novo pela areia, os pés molhados.
Ele olha-a com incomum ternura:
- Sabes que acho que hoje fizemos a Malaika? – é mania de homem africano isso de sempre querer encher barriga, mas ela, que discute sempre, hoje sorri:
- Quem sabe fizemos?
- Na ku penda Malaika.
E ela que pode dizer?
- Na ku penda.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Intimidade fecha boca

No snack-bar diz o brada dele:
- Os gays estão à vontade nas suas coisas, por mim estão! Mas porque é que têm de as passar para o mundo? Desde que não tragam ao mundo por mim tudo bem!
- Mas que é isso de “trazer ao mundo”? Falas disto, de estar abraçado, de dar a mão?
- Ei, das coisas que vemos na tv, por todo o lado!
- Ah, a televisão, o Google, a internet, qual é a tua sugestão, um Google especial Moçambique? Como fazem na china?
- Ei, isso não são coisas de nossa cultura, isso é mais problema de branco, por isso…
- Olha, eu não sou racista e acho que não há nenhum problema que seja apenas “problema de negro”, por isso não sejas comigo, ok?
Eu converso empolgadamente com os amigos dele, e o jantar que comia já o esqueci, ele faz-me garfadas de omolete de ovo e salada e vai alimentando minha boca:
- Amor come. Podes falar mas come, estás a deixar tua comida. – a conversa continua:
- Mas qual é o problema? Diz-me lá o que tens tu a ver com o que as outras pessoas fazem na sua intimidade, dentro do seu quarto?
- Mas não está certo.
- Não está certo porquê? Entras onde tu nesse assunto de cama dos outros?
- Mas não faz sentido, com uma mulher podemos ter tudo, porquê ir procurar homens?
- Mas se tem pessoas que gostam, deixa! Qual é o teu problema com isso? Também tem pessoas que gostam de mulher gorda, ou magra, alta ou baixa, que tens tu a ver? Podem gostar de homem e…
- Eu não gosto que essas coisas se tragam ao mundo!
- Mas o mundo é isso tudo, tudo se “traz ao mundo”! Ela é tua mulher não é? – ele intervém baixinho:
- Ei, sch, namorada! Casa 2 pah…
- Ok… não importa, tu gostavas que alguém viesse lá no teu quarto te dizer o que podes ou não fazer com ela? Não gostavas né? Então porque queres te meter nos quartos dos gays? – o amigo dele continua:
- Eh pah! Eu não quero isso, não é isso aí mas me incomoda, é errado! Não gramo pah! Mas quem és tu pah? Vistes de onde mesmo? – ele continua a dar-me comida à boca:
- Amor, como faaaaaaalaas!
- Porquê?
- Nada, falas bem – falamos alto, as pessoas nas mesas à nossa volta olham-nos, ele continua:
- É minha mulher esta, não fala beem?
- Ei, eu não sou tua mulher.
- És. Não somos casados nós?
- TU és casado! Eu não.
- Mas vamos ser, é igual.
- Nada!
- És minha mulher porque eu te amo.
- Nada, tu amas aquela que tens lá em casa.
Sim, conversamos na esplanada, discutimos no café, rimos pela rua e trocamos insultos brincados quando terceiros estão presentes, sim… mas lá… quando fechamos a porta. As coisas mudam… aí eu peço o que não posso repetir e dou o que não posso confessar, e naquele momento, no momento crucial eu digo qualquer coisa! Aí é como assinar cheques em branco. Sim é caro, é perigoso, mas eu aceito. Aqui aceito tudo, e aqui ele é meu homem, eu sou sua mulher, não se questionam as opções, os gostos ou as manias. Somos dois – ou o número que formos – e nas coisas que fazemos importa apenas que todos os envolvidos gostem, desejem, tenham prazer. De acordo?
- Amor fala baixo, lá em casa a minha relação acabou.
- Mas se acabou porque vivem juntos?
- Você é confusa mesmo! Parece da beira pah! Porque eu para investir contigo tenho de ter garantias!
- Não tem aqui, garantia é para electrodoméstico.
- Você não me abusa!
- Porque? Só tu que podes abusar, é?
- Lá na cama não falas assim…
- Não estamos na cama!
Mas então se na tua cama fazes o que te apetece, o que te faz pensar que podes fazer juízo ou critica à cama dos outros?
- Eu não te abuso, estamos apenas a ver tuas liberdades, a te dar balizas, isso não pode ser assim. Tu não podes desautorizar-me porque as pessoas são maldosas, elas não entendem que estás a brincar.
Eu estou a brincar? Pois, agora pensando bem, acho que as garfadas que me enchiam a boca eram para me calar…

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Casa 2 é festa


Na festa:
- O “sócio” dela está lá em baixo
- Quem?
- O namorado dela, não sabes quem é?
- Namorado? Não!
- Então é aquele… o… vá lá, não sabes? Aquele para quem ela trabalha.
- O quê? Tu não estás a falar a sério!
- Sim, pensava que sabias, namoram há muito. Quer dizer… não é oficial não é, porque ele é casado, né? Mas gosta muito dela, já passa mais tempo deste lado que do outro, vai oficializar em breve de certeza.
Na internet recebo uma mensagem:
“Eh isto não é pakera: Olá, Se estiveres em Maputo, arranja um tempo para um café. Gostava de conhecer a Joana em pessoa. Beijo grande.
O título da mensagem é exactamente para não te assustares. Hehehehehehe”
E passada uma semana:
“Amorzão, antes da malta do grosso pegar, aqui vão meus números. Quero e de que maneira, tomar um café contigo!! Beijo grande”
Ysh... onde foi a mensagem que não era pakera...?
“Tu sabes muito bem que fugi daquela, querida. Podes usar meus números?!!! Beijo grande”
Sabes... vocês homens não prestam mesmo.
“Xi. O que aconteceu agora?! Não falo em nome de nenhum homem no mundo tanto mais que nasci sozinho. Se me perdi em alguma coisa ou te deixei num mico minhas desculpas. Os homens não sei, tenho meus defeitos e os aceito, mas meus amigos dizem que sou um tipo que presto.”
Assim fala homem casado.
Nas sms:
- Estás bem? Queres vir tomar uma bebida comigo, estou no Polana.
- Tomar uma bebida? Hummmm… isso é o quê?
- Um convite.
-Ok, mas… sabes, eu com homens casados desconfio muito desses convites.
- Mas porquê? Isso não é um problema, é uma questão de gestão.
- De gestão?
- Sim, ou és tu que tens problemas de gestão? Também acontece.
- Nada I am a free girl.
- Ai é, estás aonde?
- Mania vossa de perguntar sempre “onde estás”!
- Era para saber quão free és.
- Tão free que não respondo a essa pergunta.
Com a brada na saída da festa:
- Sabes, eu não me senti bem nesta festa
- Ya, estava um ambiente meio estranho, né?
- Ya, sabes, ali era só divorciadas, amantes e casas 2 e não sei quê!
- Ya…
- Não gosto daqueles ambientes, sabes?
- Ya…
- Sabes que o outro ligou-me?
- Foi? Conta.
-Ah, que tem saudades, que quer me ver, que não sei quê…
- E tu?
- Ah! Eu respondi normal, ele nem acredita, depois de uma relação de 2 anos eu estou assim fria, nem acredita mesmo…
- Ya, dois anos é maningue tempo.
- Ya! Ele agora está a ligar porque próxima semana viaja com a mulher e uns amigos, então deve querer despedir!
- Ya…
- E o teu idiota disse alguma coisa?
- Nada, desde aquele dia que o vimos nunca mais soube dele, quem sabe se apaixonou de novo por aquela que tem em casa?! Ah! Ah! Ah!
- Ya, quem sabe, homens nunca se sabe!
Em casa:
- Meu filho, não case mulher bonita... porque mulher bonita é para casa 2.
Ya… ser casa 2 é mesmo uma festa.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Menina machista II


À sobremesa:
- Joana, meu amigo está a pedir teu contacto.
- Qual amigo?
- Aquele do Audi.
- Hum, esse tipo não é casado?
- Ya, mas ah, Joana, este tipo tem taco! Tu nem precisas de te preocupar, mesmo que sejas casa 3! Hás-de ter tudo pah! Nunca mais tens de te preocupar com na-da!
Na disco:
- Quero te apresentar uma pessoa.
- Quem? – ela aponta
- Aquele ali.
- Hum… não sei…
- Mana, aquele tipo é libanês, tem mais de cinco lojas na town!
- E então?
- Ele já me disse, “Joana não está com obras em casa? Ela pode vir na minha loja!”
- Nada mana, obrigada.
- Mas ele não falava nem de fazer desconto, ele te OFERECE tudo, está interessado em ti mesmo! Aproveita pah!
No aeroporto:
- Ya, viajar é viajar, eu tenho damo em to-das províncias, vou começar organizar minhas férias!
- Mas tu! Pah! Teu namorado é nosso brada, não faz essa cena!
- Ei, estás a ver uma aliança no meu dedo? Eu faço o que quiser, sou livre!
No estrangeiro:
- Ya, este pito daqui anima pah!
- Mas… tu não pensas em pai de teu filho, em casa?
- Eh pah, brada, eu já disse, eu só sou fiel se meu damo me preencher em tudo, eu gosto de homens altos pah!
- Mas teu damo tu que escolheste!
- Ya, mas não me preenche, nunca lhe vou ser fiel!
No bar:
- Ah, sabes aquele tuga que te apresentei?
- ya.
- Eh! Eh! Anda todo caído por aquela ali.
- Ai é?
- Ya, mas cena engraçada é que ele anda com ela não rua todo assumido, e lhe chama de amor e tudo!
- Então?
- Ele quer relação com ela. Ysh, nem está a ver, marido dela é do Zimbabwe, rico! Ela nunca vai assumir este, ganha 2000 dólares ele, que é isso? Ah! Ah! Vai-lhe dar baile! Bem, bem!
No Sheik:
- Eh pah, temos de convidar-te mais vezes para vir sair connosco!
- Eu? Porquê?
- Antes de chegares eu pedi para dançar com essas aqui, me olharam de lado, recusaram, mas logo que tu dançaste comigo ela que veio!
- Ah, c´mon, não inventes!
- Sério, damas aqui, precisa publicidade, assim como estamos com white elas acham que já somos importantes. Ya, eu sou formado no estrangeiro, mas não tenho taco, sem taco não há dama!
Ao telefone:
- Joana, quero sair contigo, vamos lá ao Gil Vicente as duas!
- Vamos, mas porquê?
- Tenho minhas duas primas que conheceram maridos no Gil Vicente, um alemão e um dinamarquês, vivem lá agora, eu também quero.
- Mas… tu és casada.
- Sim, mas com moçambicano! Tou cansada eu! Quero viajar daqui.
No digestivo:
- Ei, eu pago conta!
- Nada, dividimos.
- Sério? Ok…
- Sim, porque é que és tu a pagar?
- É machismo né?
- Ya, quer dizer, podes pagar por prazer, mas não por obrigação.
- Então quando as nossas damas dizem que nós temos de djobar para lhes pagar uma boa vida estão também a ser machistas!?
- Maningue!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Menina machista


No matabixo:
- Vais sair hoje?
- Ya, vou-lhe buscar às 20 horas.
- Tu? Vais-lhe buscar? NÃO TEM CARRO ELE? Ah, joana, dropa esse aí!
Conversa com o brada:
- Bom, eu estou a trocar mensagens com ela, mas se a cena avançar como eu espero é bom preparar o cartão de crédito, que esta vai-me sair cara!
No Eagles:
- Ya, sabes, as damas aqui não ficam contentes se não as levamos ao Rodízio, à África do sul, ao Casino…
No boa maré:
- Tu trazes ela para jantar aqui? Ya, ela é maningue simples, se fosse minha dama? Aaaaaaaaaaah nada, aqui? Havia de gingar “vamos jantar aqui? Com estes?” e toda a noite ficava de tromba!
Na Rua D’Arte:
- Ei, essa dama ta te preciar!
- Sabes, eu aqui não sei, acho que quando vêem um branco vêem uma ATM com pernas!
No News café:
- A minha mulher deixou-me.
- A sério? Aquela miúda de 18 anos, lindíssima, a quem pagavas os estudos era tua mulher? C’mon! Tu tens 60 anos, acorda lá cota!
Acabaram de se conhecer:
Ele - És muito bonita...
Ela - Obrigada, estou a pedir me enviar crédito!
Encontram-se na rua:
Ela - Haa vc pha, gingas maningue agora.
Ele - Eu? Yuh, numa de quê?
Ela -Já não me ligas, nem msg.
Ele -Yah...desde que casaste, fiquei sem way.
Ela - Mas tu pah, viraste matreco? Liga-me no final de semana, depois das 22.
Ao celular:
Ela - Deu uma vontade de tar contigo, onde tás?
Ele - Venho te buscar.
Ela - Vem daqui a uma hora, tou no xitike daquela minha tia...tou com a Tina, e minha tia, VAMOS DAR BOLEIA a elas até a Mtl, depois namoramos...
Na segunda-feira:
Ele - Porque não foste a festa da Ana?
Ela – Hun, não tinha dinheiro de comprar roupa nova.
Ele - O dinheiro que dei não chegou?
Ela - Só deu para comprar blusa e mechas.
Ele - Mas na mesma noite foste a festa de um amigo!
Ela – Ei, quem te disse?
Na esplanada:
- Jantaram onde ontem?
- Fomos ao Zambi.
- Ysh, nice! E ele tem taco para Zambi?
- Eu ofereci.
- TU pagaste conta?
- Mas, se fui eu que convidei!
- Ah não, comigo não é assim! Se me querem têm de pagar! E bem! Eu gramo do Zambi, mas não pago eu!
Na praia:
- Sabes, eu tenho de arranjar um homem pah! Tou cansada de ir ao mecânico, de fazer rancho, de carregar minhas compras…
Ao telefone:
- Filha, tens namorado novo? O que é que ele faz?
- Mas mãe, o que importa o que faz?
- Vais namorar com um zé-ninguém? Precisas de escolher melhor, uma pessoa que possa cuidar de ti.
- Mas, EU sei cuidar de mim!
- Mas… um homem com carreira é diferente…
- Com dinheiro queres tu dizer, sabes, isso não me interessa!
- Mas és palerma, porque isso é muito bom, não tinhas de te preocupar com o teu futuro.
Papo no mercado:
- Aquele tipo bonitão do 3º andar ligou-me para sair.
- Aquele gostoso!? Nice, quando vão?
- Aaaahhh, achas? Eu não vou parte nenhuma com ele! Ele é cozinheiro!! Para umas voltas ainda dá, mas para sair não!
Na rua:
- Sabes amiga? Estes homens são uns filhos da mãe! Comem-nos e depois nem nos cumprimentam na rua!

- Amiga sabes? É machismo isso, porque nós… também os comemos…!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Teste para paquerador comprometido


Continuação do teste para todos os homens comprometidos mas que pedem o meu contacto, e as razões porque não o vão ter.
1. Quanto às técnicas que usas com casa 2.
És do tipo que gosta que fique em stand by “já te ligo”? (mesmo que o “já” sejam cinco horas);
És do que usa da surpresa “estou à porta, abre”;
O do GPS “estás vestida de preto com dois homens na esplanada tal”;
O que tem informadores “tenho um processo na minha mesa que diz que foste vista no sítio tal”;
O que faz bluff “eu sei o q aconteceu ontem, sei a que horas vieste para casa, sei com quem estiveste, gostava só agora que me comprovasses o que me disseram”;
O político (que só fala) “eu tenho planos para nós, prometo, na próxima semana vou convidar-te, vamos passar final de semana a Inhaca, feriado em Cape Town, férias no Bilene”.
2. Técnicas com casa 1: enquanto pode claro que mente, esconde, engana. É descoberto e há vários estilos:
Cumplicidade sem limites – ele cria situação tal quetu cobres o jogo dele, o que nem sequer sabias q existia;
Máxima confiança – deixa que falem uma com a outra ao telefone;
Máxima sacanagem – convida a 2 para ir a casa da 1;
Risco sem limite – apresenta 1 a 2 sem identificar papéis;
Elas conheciam-se e eram quase amigas – depois de descobrirem ele diz que não falou por altruísmo, para não estragar a amizade delas.
3. Qual é manutenção da “relação”?
És do tipo que liga todos os dias, manda bip de bom dia e sms de boa noite, preocupa com doença, percebe stress no serviço, lembra aniversário, sabe de dia dos namorados, conhece natal e não ignora final do ano?
Ou do tipo que só porque bebe, viaja, tem problema em casa ou tá busy no djob pode ficar sem comunicar 15 dias? (!)
Aviso eu que se não gosto muito da hipocrisia da primeira hipótese me passo com a falta de respeito da segunda.
4. Presentes, surpresas, festas e djob. Ocasiões oficiais e festivas. Amigos e família. Fotografias, piadas e posts no facebook. Se tudo isto te dá arrepio, esquece. Eu sou e gosto de ser social, com quem estou, que queira estar comigo. Assumido.
Ok, agora escolhe umas das três opções que se seguem, na verdade não importa bem como se contabiliza o resultado ou qual a pontuação, basta que te identifiques com uma das seguintes opções e o resultado é conforme indicado:
Se respondes alguma vez NUNCA – mentiroso pah! Deixa-te disso q nem fica bem! Meu contacto? No way!
Se respondes alguma vez PODE ACONTECER – chumbo certo. Desiste, não vais ter meu contacto, e se num momento, de flirt de egos, to dei, peço-te - não o uses.
Se respondes YSH, É VERDADE ESSA CENA, COMO É QUE A LOIRA ADIVINHOU? - gosto do teu estilo – és um tipo honesto, podia até dar-te o meu contacto… pena seres casado ;)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Teste para homem de dona


Continuação do teste para os homens CASADOS - comprometidos, que vivem junto, que namoram regular, que estão numa relação – mas que (me) paqueram.
Aqui estão as questões pelas quais tu NÃO QUERES o meu contacto.
1. Qual é a tua área de acção, zona de liberdade condicional, terreno minado, e passagem proibida? A cidade está organizada por zonas? E se sim cabe-me a popular baixa ou a elitista alta da cidade?
Aviso já que se é para eu ir a gones e casa 1 jantar no D’vino, esquece;
Se com ela é cocktail no Dolce Vita e comigo preta no snack-bar, esquece;
Se com ela é bife na mansão e comigo bifana na pensão, esquece;
Se com ela é passeio para a ZA no forbyfor e eu sobe e desce dos buracos na malhangalene no dubaizinho - esquece!
2. Controle, posse e manejo de arma.
Sendo eu a “arma” a regra é simples:
No control – não há compromisso, faço o que eu quero e quando quero;
Não há posse – não sou TUA dama, TEU game, TUA pita;
No manejo – é melhor que te empenhes no melhor possível porque para uma mulher é a única vantagem que podes ter.
3. Qual a terminologia que gostas de usar?
És do tipo que diz que temos “uma relação”? – mesmo que não seja verdade;
Do que diz que somos bradas – quando é óbvio que não tchilamos juntos;
Que sou tua amiga – desculpa esfarrapada;
Que sou namorada – de quem?;
O amor da vida – mentira;
A paixão – melhor dizer tesão;
A futura mulher – não é demasiado… controverso?
4. Sobre as razões de ter e manter casa 1: o cão; a conta bancária; a casa; o djob; os pais; os amigos; a nação; o casamento de muitos anos; o recém - casamento; o filho de um ano; o filho adolescente; a penúria; a riqueza emergente; o bem universal; a piedade; a paternidade; a tradição; a religião… o desejado dom da ubiquidade…
Sem comentários para qualquer uma das razões, para mim só podes admitir que é uma de duas coisas: amor ou interesse. E terás de aceitar o que isso revela da tua relação com os afectos e com a matéria. Não? Então nem quero saber a tua resposta.
5. Sobre as razões para querer casa 2: o amor à primeira vista; o fascínio intelectual/ profissional; a identificação espiritual; o desejo carnal; a open mind; a vontade de adrenalina; o irresistível charme; o amor verdadeiro; a paixão sem razão; o desejo de paternidade; a simples curiosidade; a escandalosa vaidade; a ganância; a gula; o desejo de exotismo; o pedantismo, o machismo…
(para continuar o teste e saber os resultados consulte o próximo @verdade)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Teste para casado


Para os homens que paqueram mas que são CASADOS - sim, e também vale para os comprometidos, os que vivem junto, os que namoram regular, que estão numa relação, etc. - aqui estão as questões pelas quais não me devem contactar.
1. Qual é o teu nível de á vontade com o jogo duplo?
És do tipo que nega sempre que tem casa 1? – sabes que é uma questão de tempo até se saber;
És do tipo que diz a verdade mas mente na situação? Tipo “o casamento acabou, eu já não a amo, durmo no sofá, vamos separar” – esquece, é papo velho;
És do que diz logo que é casado mas que “gosta de aventuras” – hum… tem mais hipóteses, mas o mesmo problema base;
És do que diz que é casado mas a mulher sabe e aceita que tenha aventuras – ok, let’s go for a drink! Mas vamos nós os três…
2. Qual a tua capacidade de guardar o celular?
És do tipo que dorme com ele debaixo da almofada?;
És do que esquece em casa?;
És do que tem vários?
No fundo o que quero saber é a probabilidade da tua dama vir a ter o meu contacto…
3. Qual o teu regime de comunicações?
És do tipo três cartões – aviso que isso me cansa;
És do que telefona mas não responde a chamadas – não gramo que decidam por mim quando posso falar;
És do tipo que o toke é sempre em silêncio para poder recusar chamada sem ninguém ver – não gramo de ser ignorada;
És do que não se pode ligar depois das 19 – aviso que tenho pouca noção das horas;
És do que se ligo depois das 22 corro o risco de conhecer a voz da legítima? – aviso que já me aconteceu e não quero repetir!
4. Qual a tua flexibilidade de horário?
És do tipo que só está livre de manhã – aviso que as manhãs passo-as a dormir!;
Do que faz sempre refeições com sua dama – aviso que como fora e gosto de não esperar pela sobremesa;
Do que só tá free 20 minutos – aviso que sempre rapidinha não anima;
Do que baza a partir das 18 horas – aviso que a noite para mim é afrodisíaca.
5. Qual é a tua cena com a popularidade?
És do tipo que tem complexo de figura pública – só vamos a gones;
Mania da perseguição – olha sempre para todo o lado e cumprimenta com aperto de mão;
Do tipo showofista – vai aos lugares da moda e em tom de gozo apresenta “eu, meu amor e a criança que vai nascer”;
Do tipo anonimista – nega-se a encontros em público;
Do tipo amnésico – na rua não me conhece;
Do incongruente – chama “mulher da minha vida” hoje e apresenta “a joana” amanhã; discreto e formal até ao terceiro copo - mão na perna e boca na boca ao quarto;
Do geoestratega – amantes no alto maé, desconhecidos na somershield;
Do religioso – profano no dia útil - saímos juntos; sagrado nos dias de culto – nem o vejo. Aviso que não sou religiosa, para namorar todos os dias são bons.
Do imprevisível – nunca se sabe…
(para continuar o teste e saber os resultados consulte o próximo @verdade)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Mcel e homem ainda iguais


Sim, o ano é novo mas o problema é velho.
- ” Vc, larga celular! Ysh, nós vamos registar isso aí, já passou a data para registar isso, ok?”
Homem quer controlar meu telefone, minhas mensagens, as chamadas, os contactos? Ya… parece governo! Mcel e homem é tudo igual! Não funciona!
E como para o homem, final de semana começa cedo e mcel na sexta-feira 14 horas, já saiu do serviço! E já não manda mensagem nenhuma.
Ou então exagera! E envia a mesma mais de cinco vezes; como um embriagado que repete sem parar as frases, no fundo a tentar comunicar consigo mesmo, acordando sua cabeça.
E final de semana continua no mesmo estilo, “o número que marcou…” – que é o mesmo que dizer o homem que escolheu – “… não está disponível, por favor tente mais tarde”. E nós até podemos tentar mas, homem?! Sábado está com os manos, os bradas, os bro:
- “Mas, falamos. Mais logo falamos, estamos juntos”.
Não, não estamos juntos. Mcel tem mania!
Homem tem mania que está lá no Copacabana a ver strip mas porque fez chamada para mim na entrada, bêbado ainda por cima, já está junto! Na-DA! Se estamos juntos é para estar mesmo, sem deixar cair rede e ter zonas da cidade que a nossa relação não tem cobertura!
Domingo à noite mcel não funciona, rede só baza, só cai, só falha. Não faz chamadas, não manda mensagens, não carrega crédito, não informa de saldo.
Domingo à noite homem não funciona, foi ver o jogo, foi sair, foi beber. Não trabalha, não escuta, não ama, não fala.
“NOVIDADE: RECARREGA com qualquer giro e GANHA SMS com validade INFINITA. APROVEITA e deseja BOAS FESTAS aos teus amigos e familiares. Liga-me.”
Validade infinita? Agora já é o quê isso? Infinita? Aaaah, é homem mesmo, para receber boas festas - ou festas boas - promete até o que não tem! O que não existe, o que não conhece.
“Caro cliente, para manter as SUPER-VANTAGENS do giro de 2000 por favor recarregue a sua conta com um giro de 2000 dentro de 5 dias. Mcel”
É ultimamtum isso? Quais super vantagens? A falta de rede, as tardes sem conseguir enviar mensagens ou o crédito que desaparece e os bónus que ninguém sabe como se usam?
Isto é namorado que pensa que é marido. Que quer ser o tal mas não partilha os programas, escolhe em primeiro lugar sempre os amigos e pouco se interessa pelo djob de sua dama. É do tipo que ginga, que passeia vaidade só! Do tal que esconde intimidade e critica liberdade, alegria, sociabilidade. Do que promete mas não cumpre, do que só faLA!
Do que jura amor eterno e declara desejos de paternidade e só porque bebe, viaja, tem problema em casa ou tá busy no djob pode ficar sem comunicar 15 dias!
Mas parece que há promessas de outro tipo de homem por aí… e já falam de celulares para três cartões, para os que acumulam despudoradamente casa 1, casa 2 e casa 3. Eu sou apaixonada por África mas… sabem que a mulher pode perdoar… mas não esquece!
Penso nisso… penso seriamente em mudar de homem! Quero dizer, de rede! Mas hoje não é bom dia, amanhã é segunda-feira, ya, amanhã é doce, não há problemas, homem e mcel estão juntos, tudo vai voltar à normalidade. E eu vou voltar a amolecer no amor incompetente de casa 1, primeira operadora móvel de Moçambique.

domingo, 2 de janeiro de 2011

homem = mcel


Sim, mcel é como homem.
As 8h10 recebo sms bónus.
As 8h20 recebo sms bónus.
Ás 8h30 recebo sms bónus – ei, é p eu fazer o quê? Te pedir em casamento porque me ofereceste flores?
E são cinco sms! Claro que verificando meu saldo percebo que não recebi cinco ramos de flores! Não, recebi, e apenas umas vez, 115 Mt de crédito! É para fazer o que com isto, pah? Homem que uma vez baba quer ser babado por isso o mês todo!
Mesmo nos giros há de 20, 50, 100, 200 os de 600…
Eu carrego com 200 - ”100/ 100” - e sinto-me satisfeita com o meu investimento. Porque vejamos, é homem que se pode aguentar por alguns dias - what can go wrong? - e em caso de receber a mensagem “a recarga que introduziu não é válida” eu não fico na banca rota e a mensagem seguinte “por favor contacte o serviço de apoio ao cliente”, não me dá ganas de suicídio, e embora me possa fazer verter algumas lágrimas tenho estômago – que é como quem diz coração - para investir de novo.
Porque homem quando não se conhece é como recarga de crédito Giro: antes de raspar é apenas uma promessa e depois de raspar já é tarde demais! O número para onde podemos reclamar - seja ele o da mãe ou da mulher - demora tardes a contactar – às vezes temos mesmo de nos deslocar lá, ao balcão – da loja ou da cozinha - para falar com os intermediários, e aí a situação já está nas últimas, já implica exposição, explicação, reclamação.
E o que fazer com a mensagem “esta recarga giro já foi por si usada”? ui, esta assusta, é como ir sair para a night beber demais e acordar no dia seguinte parecendo-me que a meu lado está o meu ex… namorado. Ui, como é que caí nesta de novo?
Carregamento de 2000 dá direito a 100 Mt de bónus e durante 15 dias posso falar para qualquer número mcel… sim, a aposta num namorado em vez do desportivismo de vários tem… vantagens, eu sei… Mas duram em geral 15 dias! Passado esse tempo já nada é de graça, e chamada, sms, questão sobre destino ou pedido de boleia tudo é pago e sai caro.
Mas a mim parece-me investimento de desconfiar “Joana, porque compras sempre os 100? Mas porque não carregas com 2000? vais gastar esse dinheiro de qualquer modo mais tarde ou mais cedo” sim… mas não sei se o gasto nisto… porque mulher até pode ficar algum tempo com homem que não a satisfaz, mas está sempre atenta, e se aparecer coisa melhor pula fora! Enfim, 2000? É coisa a muito longo prazo para mim…
Depois há as promoções mms que é coisa que ninguém quer, mas mcel/ homem tem – e gaba-se disso!
E sim, se investimos no nosso homem duas vezes na mesma semana temos bónus, mas bónus que não valem de nada se não tivermos mais crédito na tal conta…
Na mcel estamos sempre juntos … e com homem também. Mesmo quando ele bebe nas barracas ou dança passada no karaoke do bar e bar, ele está contigo…
- “Amor, eu tou grosso mas meu coração ainda é teu.”
Mcel também, mesmo quando não conseguimos enviar sms horas a fio e não faz chamadas durante tardes inteiras.
Porque mcel é assim mesmo, basta fazer qualquer ninharia, do tipo bónus yo-yo - que tem bom nome porque ao menos bem sabemos que sobe mas voltará a descer - não fala em mais nada! E manda mil sms a avisar do facto, muitas vezes seguidas por um pleasecallme! Como damo que leva dama UMA vez a comer sorvete e quer que se fale disso nos jantares e a toda a família, achando que isso perdoa as tardes a tomar pretas com os amigos.
Sim, dizem-me que não mude mas que acumule o amante e ficará tudobom… mas na verdade… não me apetece… acho que nenhuma opção é boa! Se fosse não havia duas, não é? Quem tem dois cartões no celular por opção? É necessidade...
Como diz uma amiga minha “trocar de namorado é trocar de problema” por isso não troco.